Nômade, contra os ventos,
na vertigem dessa madrugada,
que passa seu tempo
colocando nos faróis uma dança
de sombras e sugestões.
Vou esbarrar comigo por aí,
aparando minhas arestas
para não cair do corpo.
(A realidade cadastrada na memória
é falha e já nem sei mais quem sou).
A metrópole em esclerose
desorienta meus gestos,
exaustos de tantas etiquetas.
Enjoado da poética mortífera
dessa era de hipérboles,
faço meu último movimento
sob o céu instável:
eclipso-me na incerteza
dos plurais.
(Já não quero ser “eu”,
é mais fácil ser “nós”).
Escrito por
Fabrício César Franco
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