quarta-feira, 1 de julho de 2015
Elucubração,
Impostura,
Inquietude,
Quizília
12
comentários
Involução do espécime
Você,
que transforma a angústia
em saudável perspicácia e defende tudo
o que compreende em palavras:
sua condenação virá pela língua,
na erosão lenta mas indiscutível
que dimana de cada decepção.
Você,
que consome informações
em crescente desgosto, sem ao menos
ter a percepção de como tempo devora
só os desamparados e se dá a si mesmo
seus próprios mandamentos –
[não sou -fóbico ou -ista (insira aqui seu prefixo), mas...]:
atente para o momento em que não fizer sentido
a natureza das coisas crispadas em seu íntimo.
Não é preciso se apressar, nem jogar fora
a verdade mais persistente:
“amai-vos uns aos outros”,
“somos todos iguais perante a Lei”.
Só se lembre bem de como era a vida antes:
obscurantismo, ignorância, medo
da escuridão como devorador de gentes,
o trovão que era reprimenda dos deuses,
um panteão inteiro a idolatrar em sacrifício.
Diga-me então como você é capaz
de chegar a este ponto, para trancar
as portas da história e não se reconhecer
no seu povo – os outros! – e como
desaprendeu as lições.
Escrito por
Fabrício César Franco
Assinar:
Postagens (Atom)