sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Cacofonia,
Elucubração,
Inquietude,
Quizília
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Desacerto
Declaro para os devidos fins
que estou num daqueles dias
quando o bom do diálogo
é obrigar o outro a calar a boca.
Portanto, fique quieto,
escute com os olhos;
saiba o que os gestos contam.
Não colora o silêncio com gracejos –
algumas coisas são melhores vazias.
Viciaram a roleta e querem
que apostemos o futuro –
o maior prêmio é um orgasmo
e um holerite no final do mês.
Tudo é cilada, não se engane.
Eu tenho comigo essa fragrância da recusa,
esse ódio aos limites, às mentiras deferentes,
à impostura diária, ao tato.
Naquele nível de consciência irrelevante,
senatorial, onde as questões
que o desejo já respondeu são
debatidas e tabuladas até mais tarde,
escolhi o longo caminho do exemplo
ao atalho do conselho.
Seja por inteligência ou por cansaço,
parei de tentar encaixar o redondo no oval.
No entanto, é vão
: toda descoberta se deteriora numa certeza,
e toda ideia numa ideologia.
Já me vendem ali na esquina,
numa barraca de camelô,
o rebelde em pechincha,
dois por R$ 1,99.
Escrito por
Fabrício César Franco
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