domingo, 30 de março de 2014 18 comentários

Expediente


“Eu tenho medo do ótimo e do superlativo.
Quando começa a ficar muito bom,
eu ou desconfio ou dou um passo para trás.”
(Clarice Lispector)

A matemática casual dos afetos
: o pretenso cálculo, o passo em falso.
E de repente, a ternura toma posse
sem aviso, no momento preciso
em que sói acontecer.

Talvez eu não estivera pronto,
na covardia que sempre me envolvera,
pusilânime homem de palha.
Porventura eu desistira
por ser demasiadamente irresoluto,
desprezível em minha timidez.

O inusitado de nosso encontro
fora por demais insólito e eu,
ímbele e perplexo, nunca soube
como me portar na conflagração do amor.

Desertei do sentimento, não sem antes
bater-me com suas missivas, que reli
um sem número de vezes antes de
ser tomado por esse desejo incendiário,
fagulha que incinerou todas as linhas e envelopes.

Nunca lhe respondi,
frases se acumularam na posta restante,
sem saber que não se guardam palavras.
Quando poupadas, decompõem-se
na própria usura e hoje pergunto:
como posso desqueimar suas cartas?

sexta-feira, 14 de março de 2014 14 comentários

Poética


As falácias do poema
sob o laço da palavra.

Os cimélios da palavra
sob a seda do poema.

As delícias do poema
sob o foro da palavra.

Os negócios da palavra
sob a luta do poema.

As penúrias do poema
sob o jugo da palavra.



 
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