“Eu tenho medo do ótimo e do superlativo.
Quando começa a ficar muito bom,
eu ou desconfio ou dou um passo para trás.”
(Clarice Lispector)
Quando começa a ficar muito bom,
eu ou desconfio ou dou um passo para trás.”
(Clarice Lispector)
: o pretenso cálculo, o passo em falso.
E de repente, a ternura toma posse
sem aviso, no momento preciso
em que sói acontecer.
Talvez eu não estivera pronto,
na covardia que sempre me envolvera,
pusilânime homem de palha.
Porventura eu desistira
por ser demasiadamente irresoluto,
desprezível em minha timidez.
O inusitado de nosso encontro
fora por demais insólito e eu,
ímbele e perplexo, nunca soube
como me portar na conflagração do amor.
Desertei do sentimento, não sem antes
bater-me com suas missivas, que reli
um sem número de vezes antes de
ser tomado por esse desejo incendiário,
fagulha que incinerou todas as linhas e envelopes.
Nunca lhe respondi,
frases se acumularam na posta restante,
sem saber que não se guardam palavras.
Quando poupadas, decompõem-se
na própria usura e hoje pergunto:
como posso desqueimar suas cartas?