terça-feira, 27 de agosto de 2013 12 comentários

Laçada


domingo, 18 de agosto de 2013 14 comentários

Hieroglífico


Alguns afirmam que sem
cultura geral nada
pode ser compreendido.
Mas cultura geral não
vai me levar a lugar algum esta noite.
No meu instinto para a falha, eu,
(íntimo do erro,
o engano já não tem segredos para mim),
leio vorazmente mas extraio
somente meu próprio entendimento.
Faço-me existir como um rato numa roda.
E o que mais me intriga
– mais do que qualquer outra coisa –
é o fato de por tanto tempo
estar lutando contra as mesmas
questões e obsessões, obtendo as respostas
boçais e estéreis de sempre,
isso não me tenha feito um pouco mais
sensato, sem algum desafogo
da precisão de compreender. 


Nessa vida sem manual de instruções,
um quinhão de ignorância 
é pressuposto fundamental para ser feliz.
 
domingo, 11 de agosto de 2013 10 comentários

Falha geodésica


Nossas histórias são cúmplices,
conexas por uma sutura
de rocha e árvore,
a linha entre elas
esmagada como escombros
num terremoto, dolorosamente
amalgamando as coisas em comum.
Algumas terminam
em dobras sobre si mesmas,
criando novos platôs e perspectivas,
para então assoalhar o sismo
onde os desacordos repousam.
Outras são esplanadas,
breve crispação da paisagem
sobre a malha de um mapa
nos arrabaldes da memória.
Nossas histórias são a medida
do tempo geológico contido
dentro de nossa ampulheta humana,
plenas de narrativas titubeantes
mal assentadas sobre o terreno dos fatos.
Erguemos altares sobre a geografia
movediça do vivido, imêmores
deste lapso geológico
e desabamos ao leve tremor
das placas mais fundas,
aquilo que nossas biografias não contaram.


domingo, 4 de agosto de 2013 16 comentários

Etc. & Tao


Não sou dono
desse átomo em meu dedo, sequer
deste outro em meu peito.
Todos são

trocados a cada sete anos,
mais ou menos. Assim,
nem posso dizer
que esse corpo me pertence, já

que a cada meia década
e meia sou outro. (Somente
a essência é constante, no entanto
mesmo ela se perde).

Desordenada matéria
de ar, água e pó
vai me formando
em cadência morosa,

passo de marcha em fileira cerrada,
para então se dispersar
e partir numa miríade
de caminhos distintos.

Como um cano de drenagem
que recolhe a chuva
num telhado encharcado,
para logo após

espargi-la aleatoriamente
na rua, somos tão só
um conduto
da desordem ao caos.


 
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