Guerrilha de informação,
reduzindo a comatosos
todos os fãs de telejornais.
O replay configura
um diverso balé:
o corpo que cai,
cem vezes
alvejado pela metralhadora,
é mil vezes
perscrutado pela câmera.
Guerra de slogans,
grafitos em chamas,
mensagens não percebidas.
A razão em linha de fuga.
O show da vida,
a vida em show.
Dissolvendo as antenas
parabólicas da certeza.
Invadindo a cabeça
complacente do rebanho.
Mas querer ter muita convicção
não leva a muita coisa:
a angústia sem soluções
é o leitmotiv da década.
(Meu primeiro poema "publicado", Revista do Corpo Discente da UFMG, há 25 anos).