sexta-feira, 23 de janeiro de 2015 12 comentários

Tangível


Seus dedos fazem
odisseia pela topografia
de meus poros, minha tez
de pergaminho. Vagueiam,
em romaria, pelas subidas
e depressões das cordilheiras
em minhas costelas, cumes de ossos,
decodificando os inchaços
e ondulações da epiderme
como se fossem Braille.

Estes entalhes na textura
de dobras e vincos
são as chancelas que o tempo me deu,
breviário cunhado
em escrituras de cicatrizes.

Seu afago cigano palmilha
o adobe exausto da minha pele,
carta geográfica despida de invólucros,
e me torna um frêmito de expectativas,
Kundalini
a percorrer a espinha.


 
;