Estendo-me pela praia até o mar,
meus raios abruptos sobre as ondas
enrugadas como papel molhado.
Empoleirado em meu pedestal de granito,
eu rutilo contra o desarranjo das estrelas,
esquadrinho marés conduzidas
pelas excentricidades da lua,
escavo brumas
que se sedimentam para dormir
sobre o arrulho das águas.
Enquanto a areia e o oceano serenam,
eu sou um sol rápido
: varro o horizonte num bater de pálpebras,
adentro janelas casualmente encortinadas,
resvalando nisso e naquilo,
meu lume suavizado
pelos desgastes e usos frequentes,
amortizado em formas e talhes.
Eu me estiro em luz,
mas nunca longe o bastante
: eu não toco seu sono.
Escrito por
Fabrício César Franco
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