sexta-feira, 29 de março de 2013 16 comentários

Clausura



Cada cadeado
determina 
dois cárceres.


sábado, 23 de março de 2013 14 comentários

Lugar comum




A geometria de uma noite de sábado,
aos poucos, se completa.
Deixo entrar
um luar sem atenuantes
pela janela do quarto.
Empreendo uma viagem visual
pela cidade: as adagas esguias
dos edifícios me insulam
ainda mais.

Eu vegeto.

Estou mais só
do que eu mereço.

quarta-feira, 13 de março de 2013 10 comentários

Sorriso de Gioconda




Esfinge, charada, logogrifo.
Rébus, o ideograma
no estágio em que deixa
de significar o objeto que representa,
para indicar o fonograma
correspondente ao seu nome.

É o inexprimível,
o inominado, o inconcebido
perambulando no susto
da noite da imaginação.

É o espaço
entre o encoberto e o exposto,
o verdadeiro e o suposto.
Sinal
de um endereço alcançado,
é a ratificação do que se pensava,
na melhor tradição da glosa
dos oráculos post eventum.

Presente em todas as tocaias
que rondam o escuro,
é o lume
que concomitantemente
guia e desnorteia.

Está na unissonância
de todos os sigilos,
na dificuldade de entendimento dos parágrafos,
nas fagulhas do entrecho.

Pequeno idílio,
falha do épico,
elegia: quanto mais
contemplo menos discirno,
mais me arrebato.

É a palavra,
que me sorri de través
no seu mover excêntrico
ao longo de trilhos
que convergem a um ponto de fuga
no texto.

quinta-feira, 7 de março de 2013 14 comentários

Mandrágora


Quedo e quedo
                           no dédalo
                           do sono.

A descosedura
                           do dia.

Meu cansaço
                           que me traga
                           até a manhã.


 
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