que esse no álbum de retratos
nem parece
ser eu.
Não é
meu rosto, eu
que me vejo
todos os dias
no espelho pela manhã.
É um semelhante,
sósia,
parente.
É mais
flexível e mais elástico,
mais dúctil enfim,
do que eu.
Não é
minha fisionomia, insisto,
mas bem que poderia ser
um mapa de como cheguei aqui.
Quando mudei de uma
e comecei a habitar outra?
Será que mudei por inteiro
durante o sono
ou fui levado em baldeações,
pedaço por
pedaço,
nas abrasões regulares do chuveiro solar
(respiro e o tempo abre suas torneiras)?
Não me reconheço
neste espalhamento de estradas
que não podem ser retomadas,
canais que se abriram
na tectônica geologia da pele.
Poderia ser brando e dizer
que virei flor de figo,
que floresci por dentro.
O resto é subterrâneo,
reminiscência que acorda a cada dezembro,
folia de criança
que se busca
num pique esconde de fotogramas,
encontrando
um homem diferente
em cada um deles,
naqueles semblantes.