domingo, 23 de setembro de 2012 10 comentários

Rosa dos rumos


Berlinda-se
a manhã

abaixo
do Equador:

o sol
ao longo dos olhos,

caminho
desnorteado.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012 10 comentários

Macambúzio

“Até no riso o coração sente dor
e o fim da alegria é tristeza”
(Provérbios 14:13).

O problema é o de sempre,
esse acabrunhamento que se dá.
Minha melancolia tem premissas tautológicas.
Parece que o firmamento vai desabar
sobre a larga hesitação de meus tropeços.

Cada respiração ganha o peso de uma bigorna.


Eu busco palavras sem sucesso 

no escaninho da inspiração,
algo que purgue esse pesar, que pacifique
essas colisões de frentes emocionais em meu peito.

Mesmo na ledice ligeira de um sorriso,
o contentamento vem embrulhado
numa tristeza de papel fino.

Com uma precisão prussiana,
o desalento entra (desconvidado)
por reentrâncias, por frinchas de biombo
e envilece os dias.

Eu me faço de insurgente:
se eu pudesse ao menos
acertar meu horizonte íntimo,
alterar as rotas, mudar os ventos, rasurar os planos...

Mas o destino é aritmético.

Refaz caminhos, corrige hereditários,
escopo de forças rascunhados
na entrelinha da mão.

Quem nasceu para fado nunca será samba.
 
sexta-feira, 7 de setembro de 2012 10 comentários

Testemunha ocular


O sol a pino e seus desastres:
uma manada de manifestantes
fere o asfalto do centro da cidade.
Um candidato a alguma coisa
arregimenta parvos acólitos
em torno de promessas faltas.
Os ônibus, os carros
impacientam-se nas buzinas.
Chove papel picado.

E eu me atraso para o trabalho.
domingo, 2 de setembro de 2012 10 comentários

Setembro


Domingo de sol
na cidade vazia:
só eu nas ruas.
 
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