O problema é o de sempre, esse acabrunhamento que se dá. Minha melancolia tem premissas tautológicas. Parece que o firmamento vai desabar sobre a larga hesitação de meus tropeços.
Cada respiração ganha o peso de uma bigorna.
Eu busco palavras sem sucesso no escaninho da inspiração, algo que purgue esse pesar, que pacifique essas colisões de frentes emocionais em meu peito.
Mesmo na ledice ligeira de um sorriso, o contentamento vem embrulhado numa tristeza de papel fino.
Com uma precisão prussiana, o desalento entra (desconvidado) por reentrâncias, por frinchas de biombo e envilece os dias.
Eu me faço de insurgente: se eu pudesse ao menos acertar meu horizonte íntimo, alterar as rotas, mudar os ventos, rasurar os planos...
Mas o destino é aritmético.
Refaz caminhos, corrige hereditários, escopo de forças rascunhados na entrelinha da mão.